Notícias de ontem anunciaram que 107 baleias piloto foram encontradas encalhadas em uma praia no sul da Nova Zelandia. Video com reportagem da TV Record reproduzido no portal R7 - Cerca de cem baleias morrem em praia da Nova Zelandia - mostra a tragédia, tb conhecida como suicídio de baleias, onde turistas encontraram 50 baleias já mortas, as outras foram sacrificadas por equipes enviadas ao local.
Hoje um terremoto de magnitude 6,3 graus na escala Richter atingiu a região, causando destruição na cidade de Christchurch (Igreja de Cristo em português). Noticia no O Globo Online - Terremoto na Nova Zelandia deixa 65 mortos - anunciou as primeiras vítimas do desastre.
Aparentemente o encalhe das baleias anunciou o terremoto, uma teoria indiana reproduzida no site IPS (abaixo) liga as alterações nas placas tectônicas a alterações eletromagnéticas e consequente embaralhamento dos sentidos dos animais marinhos. Neste caso o termo suicídio coletivo anunciando terremoto não se aplicaria, pois não indicaria um comportamento voluntário.
Animais para prever terremotos
Malini Shankar
Bangalore, Índia, 17/2/2011, (IPS) - Não há consenso entre os especialistas quanto à confiabilidade na previsão de terremotos a partir do comportamento de mamíferos marinhos.
Os céticos costumam considerar essas afirmações como conjecturas. “É impossível estabelecer uma ligação definitiva entre animais perdidos e calamidades naturais, apesar da grande quantidade de dados reunidos”, afirmou Mridula Srinivasan, bióloga marinha e pesquisadora da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. “Os mamíferos encalham por diversas razões”, disse.
O decano da Academia Médica K. S. Hegde, na costa oeste da Índia, Arunachalam Kumar, está convencido de que quando um mamífero marinho fica perdido na costa é sinal de que haverá um terremoto. Arunachalam previu um terremoto, que provocou um tsunami em dezembro de 2004, e o anunciou em um grupo de discussão eletrônico da Universidade de História Natural de Princeton, nos Estados Unidos, três semanas antes de acontecer.
“Minha observação, confirmada ao longo dos anos, de suicídios maciços de cetáceos mostra que o fato está relacionado com modificações nos campos eletromagnéticos e com possíveis realinhamentos das placas tectônicas”, escreveu Arunachalam em uma análise de 2009 sobre as baleias encalhadas em novembro de 2004 na costa da Tasmânia, na Austrália. “Após calibrar os epicentros com as datas em que animais aparecem perdidos, tenho razões para afirmar que os grandes terremotos ocorrem uma ou duas semanas depois de os cetáceos encalharem”, acrescentou. O terremoto de 9 graus na escala Richter de 26 de dezembro daquele ano causou um tsunami no Oceano Índico que deixou 230 mil mortos.
“Não creio na teoria sobre uma ligação entre mamíferos perdidos e a ocorrência de desastres naturais”, afirmou o oceanógrafo indiano Sarang Kularni. “Quantos animais ficam perdidos sem que ocorra um sismo?”, perguntou à IPS. Contudo, “no dia do tsunami da Ásia, os cães de rua de Port Blair, nas Ilhas Andamán, estavam muito quietos, submissos e assustados, e me seguiam de uma aldeia a outra”, reconheceu.
“Várias baleias encalharam na costa da Nova Zelândia no dia 20 de agosto de 2010, um anúncio de que haverá um grande terremoto, em terra ou no oceano, dentro de duas a três semanas”, escreveu Arunachalam em seu blog três dias após o encalhe. “No final deste mês ou começo do próximo haverá um terremoto no arquipélago indonésio”, previu. O monte Sinabung, um vulcão de 400 anos considerado extinto, entrou em erupção no dia 29 de agosto e um terremoto de 7,1 graus na escala Richter sacudiu a Nova Zelândia no dia 4 de setembro.
Não há um “comportamento histórico natural que seja possível construir” para quantificar de forma crível essas previsões, segundo a Pesquisa Geológica dos Estados Unidos. Encalham entre 1.200 e 1.600 animais apenas nas costas dos Estados Unidos, segundo um estudo iniciado pelo Serviço de Pesca e Vida Silvestre. A conduta intuitiva dos animais deve ser mais documentada estatisticamente, destacou Arunachalam.
“O comportamento dos animais selvagens diante de desastres naturais continua sendo uma conjectura”, disse à IPS o decano do Instituto de Vida Silvestre da Índia, V. B. Mathur. “Há uma década, quando nos preparávamos para montar um elefante na Reserva de Tigres Kanha, o animal não deixava colocar os arreios. Quatro horas depois ficamos sabendo que houve um terremoto na Indonésia. O treinador atribuiu o nervosismo do animal ao tremor”, disse Mathur. A Reserva, no centro da Índia, fica a cerca de dois mil quilômetros da Indonésia.
A Pesquisa Geológica dos Estados Unidos informou que “não foram ouvidos pássaros cantando” na manhã da erupção vulcânica no monte Saint Helens, no Estado de Washington, em 1980. Moradores das ilhas indianas de Nicobar também observaram que não houve canto de pássaros no amanhecer do terremoto de 2004, na Ásia.
Os primeiros registros do comportamento animal antes de um tremor datam de 373 anos antes de Cristo. Historiadores relatam roedores e cobras abandonando a cidade grega de Hélice dias antes de um terremoto. Em 1975, autoridades chinesas evacuaram a cidade de Haicheng, de um milhão de habitantes, devido ao estranho comportamento de muitos animais. Poucos dias depois houve um terremoto de 7,3 graus na escala Richter. Essa decisão permitiu diminuir a quantidade de vítimas.
Morreram poucos animais selvagens no Parque Nacional Yala, no Sri Lanka, após o tsunami de 2004. Foi observado que elefantes usando rádios-colares se deslocaram terra adentro uma hora antes do tsunami. Na Índia, não morreram animais selvagens, com exceção de dois cervos no Estado de Tamil
Nadu. Envolverde/IPS
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