O verão em São Paulo é normalmente tempo de chuvas torrenciais, enchentes, desabamentos, alagamentos, tempestades e inundações. Famílias choram perdas de seus móveis, TVs de plasma e home theaters que ainda nem tiveram seus carnês quitados todos submersos com água suja de esgoto até a cintura, as vezes tendo que abandonar suas casas às pressas deixando estragar calças, tênis e camisetas de marca.
Mas o verão deste ano 2014 foi diferente, por capricho, bondade ou para quem acredita: uma traquinagem de alguma divindade que resolveu atender as preces e orações pedindo o fim das enchentes e castigou São Paulo e outras cidades do Brasil com uma seca sem precedentes na história. Sem as chuvas e tempestades que causam as enchentes e engarrafamentos a cidade viu seus reservatórios de água secarem e um possível racionamento e falta de água pode acontecer trazendo desespero e sede a milhões de pessoas.
A empresa de abastecimento de água do governo apelou para um desconto de 30% na conta de água para quem conseguir economizar 20% no consumo, as autoridades torcem para as chuvas acontecerem e também rezam para que os reservatórios não alcancem o mínimo necessário para começar o racionamento, rodízio no fornecimento aos bairros e corte de água.
O pior é que algumas cidades vizinhas de São Paulo já iniciaram o racionamento e apesar das chuvas recentes, muita gente já começou a armazenar água em caixas extras, tinas, tonéis, bombonas e garrafas pet, desconfiada, prevendo que o corte de água vai afetar primeiro seus bairros seja por serem bairros humildes ou alvo de preconceito e inveja, vingança e populismo eleitoral nos bairros mais ricos e privileagiados.
Essa seca sem precedentes pode trazer uma lição, valorizar a água, um bem aparentemente abundante e infinito mas que pode faltar e assim contribuir para o fim do mundo. Enquanto todo mundo imaginava um apocalipse de fogo, catástrofes, radiotavidade, terremotos e explosões, uma simples seca e desaparecimento das chuvas pode provocar um efeito muito pior e devastador.
Foto: Diário do Centro do Mundo.